Documental

Êxodo Rural



As Imagens do Passado de Palmital por Cleison Ferreira


Documentar as ruínas do passado histórico de Palmital é um dos objetivos do fotógrafo palmitalense Cleison Ferreira. Em sua série intitulada “Êxodo Rural”, o fotógrafo registra através de suas fotografias os “restos” do que antes costumava ser o cenário a vida cotidiana da sociedade palmitalense.


Tais imagens possuem uma importância do ponto de vista histórico extremamente relevantes, já que, registram os efeitos do tempo do ponto de vista material, e destacam o efeito transitório e inacabado do passado. No presente, essas fotografias representam fenômenos históricos, sociais e econômicos que marcaram a história brasileira, como o cultivo de café e a urbanização, por exemplo.


Nas imagens, nota-se arquitetura, cores, e estéticas muito próprias do passado, além de muitos detalhes e objetos deixados para trás, compondo assim, uma galeria de “vestígios” e “rastros” do passado palmitalense, os quais são elementos potentes de valorização da memória histórica de Palmital.


Nesse sentido, a busca por conhecer tais casas, imaginar as histórias vividas nelas, bem como todo o contexto social e cultural do período, faz do fotógrafo também uma espécie de detetive: o qual anda sempre em busca de um elemento que possa construir uma narrativa e explicar uma realidade.


As imagens registradas pelo fotógrafo representam também a aceleração do tempo presente, e seu contraste com um passado no qual a vida cotidiana, extremamente diferente da atual, poderia ser muito bem vivida e apreciada em seus detalhes.


Acreditar que esse tempo não pode cair no esquecimento motiva o fotógrafo a registrar os antigos lares de famílias inteiras, os quais após anos de resistência, estão prestes a deixar de existir. Porém o passado não está acabado por conta disso, pelo contrário, ele está aberto e pode ser reescrito, recontato e recriado através dessas fontes produzidas por meio da fotografia.


Walter Benjamin, em suas teses sobre o conceito de história defendia justamente que a história poderia ser reconstruída através de suas ruínas, as quais nos fornecem preciosos meios de análises de realidades. E, esse trabalho realizado por Cleison, vai justamente nesse sentido de abrir espaço para reconstruir e recontar histórias de nossa cidade.


Segundo o historiador Paul Ricoer “é preciso lutar contra a tendência a só se considerar o passado do ponto de vista do acabado, do imutável, do irrevocável. É preciso reabrir o passado, nele reviver potencialidades não realizadas, contrariadas ou até massacradas”, é disso que esse importante trabalho de Cleison se trata.


Texto por Danielle Orenides